A mior poesia que já fiz

Zarico Tunico
1 min readAug 31, 2020

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A mais significante poesia que já fiz,

foi aquela em que eu disse sem dizer e vi o que estava e não estava ali,

foi o som que os pássaros faziam e que eu escutava música,

a relva que balançava e eu enxergava dança,

o efêmero que eu senti permanente

pelas trevas que por mim se fizeram luz.

A mais intensa poesia que já fiz,

se dizia nada,

nem sequer poesia.

Estava entre um desdizer dizendo

que diz como quem diz que nada diz.

Foi o sorriso que só a mim fez sentido,

o abraço que transcendeu os braços,

o azul que se pensou em mim anis.

A mais comentada poesia que já fiz,

escondeu-se encabulada em meio aos cantos escusos

que ninguém vê ou viu, mesmo que alguns tenham enxergado sem querer.

Anuviada com sua essência, por propriedade, ingênua,

não pediu licença a qualquer juiz

e foi, indo e vindo,

e foi e fui.

A mais poesia que já fiz, eu não fiz, se fez.

E ei-la aí, por aí, por aís.

A maior poesia que já fiz,

não é a melhor, nem está publicada,

mas riscada feito giz.

por um triz

É a mior poesia que já fiz.

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