A mior poesia que já fiz
A mais significante poesia que já fiz,
foi aquela em que eu disse sem dizer e vi o que estava e não estava ali,
foi o som que os pássaros faziam e que eu escutava música,
a relva que balançava e eu enxergava dança,
o efêmero que eu senti permanente
pelas trevas que por mim se fizeram luz.
A mais intensa poesia que já fiz,
se dizia nada,
nem sequer poesia.
Estava entre um desdizer dizendo
que diz como quem diz que nada diz.
Foi o sorriso que só a mim fez sentido,
o abraço que transcendeu os braços,
o azul que se pensou em mim anis.
A mais comentada poesia que já fiz,
escondeu-se encabulada em meio aos cantos escusos
que ninguém vê ou viu, mesmo que alguns tenham enxergado sem querer.
Anuviada com sua essência, por propriedade, ingênua,
não pediu licença a qualquer juiz
e foi, indo e vindo,
e foi e fui.
A mais poesia que já fiz, eu não fiz, se fez.
E ei-la aí, por aí, por aís.
A maior poesia que já fiz,
não é a melhor, nem está publicada,
mas riscada feito giz.
por um triz
É a mior poesia que já fiz.